13 de novembro de 2006

Números

"As pessoas grandes adoram os números. Quando a gente lhes fala de um novo amigo, eles jamais se informam do essencial. Não perguntam nunca: 'Qual é o som da sua voz? Quais os brinquedos que prefere? Será que ele coleciona borboletas?' Mas perguntam: 'Qual é sua idade? Quantos irmãos tem ele? Quanto pesa? Quanto ganha seu pai?' Somente então é que elas julgam conhecê-lo. Se dizemos às pessoas grandes: 'Vi uma bela casa de tijolos cor-de-rosa, gerânio na janela, pombas no telhado...' elas não conseguem, de modo nenhum, fazer uma idéia da casa. É preciso dizer-lhes: 'Vi uma casa de seicentos contos'. Então elas exclamam: 'Que beleza!'
Assim, se a gente lhes disser: 'A prova de que o principezinho existia, é que ele era encantador, que ele ria, e que ele queria um carneiro. Quando alguém quer um carneiro, é porque existe', elas darão de ombros e nos chamarão de criança! Mas se dissermos: 'O planeta de onde ele vinha é o asteróide B 612' ficarão inteiramente convencidas, e não amolarão com perguntas. Elas são assim mesmo. É preciso não lhes querer mal por isso."

Retirado de O Pequeno Príncipe, Antoine de Saint-Exupéry

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